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domingo, 20 de abril de 2014

Desafios do músico católico

Quais os maiores desafios do músico católico? Quais as principais características do serviço musical ministerial? De que forma o músico pode fazer do exercício dos seus dons um caminho de santidade para si e toda a Igreja? São algumas das perguntas que Augusto Cezar responde no seu livro “Quem canta reza duas vezes”, lançado sábado passado, 16 de março, no Mosteiro de São Bento, em São Paulo.

Augusto Cezar nasceu em 1970, no Rio de Janeiro, com uma deficiência física, e é filho e neto de músicos. Graduou-se em música, com habilitação em violão clássico, pela UFRJ. Em 1999, formou, com Fred Pacheco e Filipe Freire, o trio DOM (Deo Optimum Maximum, em português: “Para Deus o máximo”) , grupo musical que, ao longo de mais de uma década, gravou 4 CDs e 1 DVD. Casado com Aline, é compositor da música O céu em você e autor do livro Dentro de mim mora uma canção.

Augusto Cezar concedeu-nos uma entrevista exclusiva sobre a sua mais recente obra: “Quem canta reza duas vezes”. Acompanhe-a a seguir:

ZENIT: Por que você acredita na música como forma de contemplação?

Augusto Cezar: São João da Cruz diz que a contemplação é a "linguagem calada do Amor". A música possibilita a experiência de enxergar o transcendente no cotidiano. Calarmos aquilo que nos distrai para ouvirmos o que nos é essencial. Ao mergulharmos na dimensão poética da música; onde todo ativismo e toda preocupação instrumentalista do nosso dia a dia não pode nos alcançar, voltamos todo nosso ser: corpo, alma e coração para aquilo que nos é essencial e que mora dentro de nós. Não se trata de fuga, mas de uma necessidade de fazer respirar o que de nós fica escravizado pelo temporal e material.

ZENIT: Como surge a inspiração num músico católico?

Augusto Cezar: A inspiração do músico católico é tudo o que participa da sua vida interior em Cristo. Suas aspirações e desejos, medos e fracassos, sons e silêncios do seu coração. A vida de oração, a frequência aos sacramentos, a experiência da vida em comunidade (Igreja), a escuta da palavra e a reta intenção de servir são pré-requisitos fundamentais para alimentar de inspirações e horizonte todo músico cristão.

ZENIT: Qual a importância da formação teológica do músico e compositor para poder evangelizar?

Augusto Cezar: A formação teológica ao mesmo tempo em que capacita para uma adequada missão evangelizadora em uníssono com os ensinamentos da igreja também aprofunda no músico as questões fundamentais para qualquer católico.

ZENIT: Por que a arte musical pode tocar as pessoas e ajudar na sua conversão?

Augusto Cezar: A música, como toda forma de arte, é expressão de beleza. Toda beleza de alguma forma aponta para o Verdadeiramente Belo. A música, nas suas características específicas expressa de forma particular a beleza de Deus. Nos detalhes de uma canção podemos escutar a voz Daquele que nos criou.  Um grande maestro, Ricardo Muti diz: Deus mora nos detalhes.

ZENIT: Você saberia dizer se Jesus ou os apóstolos cantaram para evangelizar? O que significa para você o "quem canta reza duas vezes"?

Augusto Cezar: Os salmos são canções e fazem parte da tradição judaica. Desde os tempos mais antigos a Igreja abriu espaço para esta forma de expressão. Santo Agostinho cita em suas confissões o impacto dos cânticos que ouvira em Milão, na época de Santo Ambrósio (santo este a quem é atribuído uma forma chamada "canto ambrosiano"): Eis que redobrava minhas lágrimas ao ouvir teus cânticos...

A expressão "Quem Canta Reza Duas Vezes" (que em latim originalmente é "Qui bene cantat, bis ora" - quem canta bem, reza duas vezes), eu penso que se refere a cantar com os lábios e com a vida. Integrando em todas as dimensões do meu ser um louvor ao Cristo Ressuscitado.

ZENIT: Qual a mensagem que quis passar com esse seu último livro?

Augusto Cezar: Este livro é uma partilha. Mesmo as citações de Santo Agostinho não pretendem ter um tom professoral. O bispo de Hipona mesmo afirma: na escola do Senhor somos todos condiscípulos. Nesta partilha quis oferecer algo que me é próximo, um olhar sobre a espiritualidade do músico católico, daquele que entrega em serviço seus dons, não em proveito ou prazer pessoal, mas para edificação da Igreja. Por isso, a presença deste santo que é um marco no pensamento da história da humanidade, mesmo para os que não são católicos. Ele mesmo nos deixou a verdadeira dimensão de todo fazer ministerial: Pouco importa quanto fazes e sim o quanto amas!

fonte: zenit.org
(20 de Março de 2013) © Innovative Media Inc.

A música católica não é feita para fazer sucesso

O músico exerce uma função importante na liturgia e também nos momentos de louvor. O que precisa estar muito presente no coração dele é a dinâmica da espiritualidade. A espiritualidade do músico católico deve ser voltada para a experiência católica.

Um exemplo: um músico católico que não vai à Missa, deixa de ser um músico católico, porque ela é o auge da espiritualidade católica. Outra coisa que precisa ficar presente na espiritualidade do músico católico é a Adoração Eucarística, buscar Jesus na Eucaristia e todas as suas vertentes, como a intimidade com a Palavra de Deus.


Padre Roger Luis
Foto: Célia Grego


Você, músico, conhece muito bem as fontes de inspiração.Quando a música brota da Palavra de Deus, ela tem uma eficácia sobrenatural, basta você musicar a Palavra pela inspiração, buscar a harmonia no coração de Deus e você vai ver como a música "pega". A Bíblia em si já traz vida, libertação e cura. Precisamos fazer uma experiência com a Palavra de Deus.

Algo importante também é a intimidade com o Espírito Santo, porque – em minha opinião, e creio que não seja só em minha opinião – isso é obra de Deus, pois a inspiração da música católica precisa vir do Espírito Santo.

Nós também não precisamos consultar harmonias da música secular para colocar na música católica. Pois, assim, perde em unção, perde em eficácia, porque o Espírito Santo é a criatividade por excelência. É Ele quem dá a criatividade, então, não há necessidade de buscá-la em outras fontes.

Há uma passagem do profeta Jeremias que diz: "Os grandes da cidade enviaram os servos à procura de água. Encaminham-se estes às cisternas; água, porém, não encontram, e voltam com os recipientes vazios, envergonhados, confundidos, cobertas as cabeças" (Jer 14,3). O povo estava deixando as águas puras para buscar água em cisternas vazias.

Isso é muito importante para que tenhamos consciência. Não deixe a "água pura", a fonte da Palavra, da Eucaristia, da experiência dos santos, do relacionamento pessoal com a Virgem Maria. Tudo isso é fonte de inspiração. Não busque em "cisternas" vazias! Deus fala a nós nessa Palavra e nos indica o caminho a seguir.

A música, então, precisa brotar da oração e não de um acorde secular. O acorde é Deus quem vai dar. Conheço muitos músicos e, partilhando com eles sobre o nascimento de uma música, sei que ela vem de um momento de oração e Adoração Eucarística.

A música católica não é feita para fazer sucesso. O sucesso que Deus quer são almas salvas, vidas transformadas, pessoas curadas! E a música tem este poder. Assim como tem o poder de fazer uma pessoa se embriagar, se drogar – como vemos, por exemplo, nas festas rave – ela tem o poder de transformar uma vida. Nós precisamos "virar a mesa", virar o jogo e apresentar uma música pura, que vem do Céu e transforma vidas.

Que Deus abençoe você e que Ele próprio o inspire. Não busque fora de Deus, porque só Ele tem a inspiração para o novo da sua canção.

Padre Roger Luis da Silva
Comunidade Canção Nova
blog.cancaonova.com/padrerogerluis

Respiração: o combustível da voz e do canto

Apresentação

Olá!!!

Primeiramente quero apresentar-me: sou Ivani Rosa, tenho 27 anos, sou FONOAUDIÓLOGA com ESPECIALIZAÇÃO EM VOZ. Estou iniciando esta coluna para falar especificamente de VOZ e CANTO. Nela poderemos discutir assuntos que envolvem a técnica vocal: respiração e apoio, articulação, ressonância e projeção vocal, afinação, intensidade vocal, qualidade vocal, interpretação, percepção auditiva e manutenção da saúde da voz. Além disso, você poderá mandar sua dúvida, sua sugestão ou sua pergunta por e-mail.

Para iniciarmos nossa conversa, vou falar da relação da Fonoaudiologia com o canto. Atualmente há diversos conjuntos musicais, tanto femininos como masculinos, fazendo muito sucesso na TV e nas rádios. O ritmo é envolvente, o que chama a atenção de muitas pessoas, mas poucos são os ouvidos atentos que escutam a canção, sua melodia e letra. Mais raros ainda são os ouvidos atentos à qualidade da voz do cantor ou cantora.

Preocupa-me ver jovens cantores (em diversos estilos musicais: sertanejo, rock, pop-rock, samba, pagode, românticos e outros) tendo como modelo cantores que já apresentam vozes não-trabalhadas, e, além disso, vozes com sinais claros de alterações. Tenho notado na mídia muitos cantores que não buscam aprimorar sua técnica vocal, em busca do sucesso, da fama, esquecem de investir na qualidade de seu trabalho, o que resulta em músicas com pouca qualidade vocal.

Diversas pessoas hoje em dia querem cantar, mas infelizmente não estão devidamente preparadas para executar essa linda expressão comunicativa que é a música. O canto é forma de comunicação e expressão dos sentimentos, e por isso deve ser feito com amor, zelo e todo cuidado e profissionalismo possível.

As pessoas que começam a cantar em corais ou em grupos, geralmente gostam de música, mas não costumam buscar um aprimoramento vocal, como uma aula de canto ou uma assessoria fonoaudiológica. Nós precisamos lembrar sempre que nenhum instrumento é comparável à voz, pois A VOZ É ÚNICA, cada pessoa possui seu timbre e suas características próprias de riqueza vocal. Costumo dizer que nossa voz não pode ser comparada com uma corda de violão, guitarra ou baixo, que se quebrar, vamos à uma loja especializada em instrumentos musicais e compramos outra corda e trocamos, sem maiores complicações. Não! Com nossa voz não é assim! Nossas cordas vocais (pregas vocais) são músculos, necessitam de cuidados, e principalmente de preparação para serem utilizadas de maneira mais saudável.

Quando cantamos, estamos, de uma forma diferenciada, falando em extensão melódica e expressando nosso interior, estamos nos comunicando. No canto há uma alta demanda vocal, utiliza-se fortes intensidades e notas muitas vezes agudas que necessitam de diferentes ajustes no trato vocal. O cantor diversas vezes passa a cantar com muito esforço vocal, o que pode, com o decorrer do tempo, causar uma disfonia (um problema na voz). Além disso, lembre-se que cantar exige gasto de energia e requer concentração, treino e estudo.

Para o aprimoramento das qualidades da voz é necessário desenvolver a tonicidade e a agilidade muscular do trato vocal (realizando exercícios adequados). É necessário conhecer seu instrumento vocal para depois poder utilizá-lo com rendimento máximo.

Há algum tempo a Fonoaudiologia, que é uma ciência que estuda os distúrbios da comunicação humana, tem atuado junto aos cantores. As bases da atuação fonoaudiológica com a voz cantada são: enfoque no trabalho corporal; maximização da respiração, articulação; qualidade de voz; ressonância e projeção vocal. Também é papel do fonoaudiólogo fornecer orientações quanto à produção da voz cantada e orientações de higiene vocal. O fonoaudiólogo pode assessorar e realizar um trabalho de orientação, prevenção e aprimoramento de voz, o que traz como benefício não somente uma qualidade de voz boa e adequada para o canto, mas principalmente garante saúde vocal ao cantor ou cantora. Para se ter uma boa voz é preciso que seja produzida de forma natural, respeitando a afinação, a ressonância, a articulação e projeção do som.

Cuide de sua saúde vocal, se você é cantor, cantora, ou está querendo aprimorar seu canto, pense em sua saúde vocal, e procure ajuda, só assim garantiremos vozes saudáveis e bonitas. Nossa música agradece, e nossos ouvidos também.

Nos próximos artigos começaremos a tratar especificamente da voz, conhecendo melhor este instrumento de comunicação que tanto nos emociona. Se você que é cantor ou cantora e participa de coral, quiser me escrever, fazendo perguntas ou dando sua sugestão, entre em contato, irei te responder com muita alegria.

Fique com DEUS e até a próxima!

Ivani Rosa dos Santos
ivanifono@yahoo.com.br
Fonoaudióloga graduada pela UNESP
Especialização em Voz pela USP